Talvez você não tenha pensado nisso, mas as milhas sofrem inflação. De fato, é possível comparar o mercado de milhas com qualquer outro da economia mundial. Dessa forma, saiba como isso funciona na prática e entenda como pode afetar a sua empresa de milhas.
Antes disso, saiba o que é inflação
Parece simples de definir à primeira vista. No entanto, muitos confundem a causa e a consequência desse termo. Assim, acredita-se que ela seja a alta dos preços de serviços e produtos. Entretanto, isso é apenas o resultado e não o conceito em si.
Inflação é quando acontece a depreciação de uma moeda. Ou seja, é quando ela existe em excesso no mercado. Então, se:
- Há muita circulação desse dinheiro, gera-se inflação;
- Como resultado, isso é ruim, porque, cada unidade dessa moeda vai perdendo valor.
Um exemplo disso são algumas pedras preciosas. As mais raras de se encontrar no mundo, são as mais caras, pois possuem um valor agregado muito maior. Por outro lado, se elas se tornarem comuns de repente, o seu valor no mercado vai diminuir.
Como se aplica a inflação?
Quando se trata da ideia se milhas sofrem inflação, a relação é a mesma descrita acima. Isto é, se há uma maior circulação de milhas e pontos, menos valor elas vão ter e vice-versa.
Dito isso, tal como o dólar e o real, as milhas podem sim sofrer inflação. Ainda mais que se sabe hoje que elas valem dinheiro e geram lucro como qualquer moeda.
Tipos de inflação
Na economia, quando se fala em inflação, há dois tipos principais, o de demanda e o de custo. Dessa maneira, a seguir, você confere as características de cada um para ter uma noção mais completa sobre o assunto.
Por demanda
Neste caso, de modo resumido, pode-se dizer que acontece quando a demanda (procura) é maior do que a oferta. Um exemplo disso, sem dúvida, é o cenário do turismo antes da pandemia.
O mercado estava tão aquecido que algumas empresas de aviação não estavam conseguindo suprir a demanda. Isso, em parte, devido ao aumento das viagens de lazer e de negócios.
Com uma procura maior, foi conveniente para as companhias aéreas aumentar os preços de suas passagens aéreas. Dessa forma, os donos de operadoras de milhas gastavam mais milhas para dar conta de emitir passagens para os seus clientes.
Inflação de custos
Neste caso, é quando a matéria-prima se torna mais cara e assim, as despesas de produção são repassadas ao consumidor final. O que interfere no valor de uma passagem:
- Custo do combustível (querosene);
- Dólar;
- Outros gastos da companhia.
Quando um desses elementos fica mais caro, as empresas aéreas alteram os valores dos bilhetes para os seus clientes. De novo, mais quantidade de milhas deve ser gasta para emitir passagens.
Milhas sofrem inflação?
As milhas, como qualquer outra moeda, sofrem com a inflação. Compare que na economia, a emissão do real ocorre por meio do Banco Central. Por outro lado, no caso das milhas, são os programas de fidelidade das companhias aéreas.
Só que, é aqui que surge a grande diferença entre esses dois mundos. Pois neste primeiro, a emissão da moeda é controlada por várias regras. Já neste segundo, não há nada que interfira na quantidade de milhas que são emitidas, por exemplo:
- Venda direta ao comprar milhas do próprio programa;
- Por meio de bônus ao transferir pontos dos cartões de crédito;
- Ofertas de acúmulo de pontos ao adquirir produtos em lojas parceiras.
Entenda em qual cenário há inflação das milhas
Os programas de milhas e pontos tem, portanto, total liberdade. Assim, quando a oferta é tão alta quanto as opções de resgate, há um equilíbrio. Ou seja, as milhas não sofrem inflação.
Só que, quando os programas oferecem mais milhas e poucas alternativas de resgates, as emissões se tornam mais caras. Como visto, então, neste contexto, as milhas sofrem inflação por demanda.
Como a inflação afeta as milhas?
Perceba que quando os preços de produtos e serviços aumentam de modo inesperado, os economistas já analisam a situação, a fim de buscar um vilão.
Nos últimos anos, o que poucos notaram, entretanto, foi a inflação das milhas. Há um tempo atrás, por exemplo, para uma passagem de ida e volta de São Paulo a Buenos Aires, um empresário de milhas usaria cerca de 20 mil milhas para a emissão desse bilhete.
Agora, de modo recente, para esse trajeto e com o mesmo dono de uma operadora de milhas, ele utiliza o equivalente a 50 mil milhas para emitir essa passagem para o seu cliente.
Isso é a prova que as milhas sofrem inflação e quem é mais afetado nesse cenário, são os empresários que atuam neste mercado de emissão de passagens com milhas.
Milhas sofrem inflação: saiba como se proteger
A inflação é uma realidade na vida dos brasileiros, sejam eles clientes ou empresários. Dessa forma, em todo caso, ambos são os mais afetados neste cenário de alta.
Note que, assim como qualquer moeda, as milhas têm o seu valor. No entanto, ele não depende de você, mas sim da dinâmica desse complexo mercado e dos programas de fidelidade.
Enquanto se acumula milhas, as regras dos programas podem mudar de modo inesperado, aumentando ou diminuindo o preço delas. Dessa forma, o dono de uma empresa de milhas só percebe se foi pego ou não pela inflação, no momento de emitir as passagens.
Fugir desse fenômeno não é simples, afinal, exige um certo jogo de cintura, bem como experiência e conhecimento sobre o mercado em que atua.
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